domingo, 26 de maio de 2013

Comunicação Assertiva e Solidária



Sendo a comunicação uma troca, o ideal é buscarmos trocar o que temos de melhor de elementos intelectuais e emocionais.
Somos seres essencialmente comunicativos, captando e expressando ininterruptamente emoções e pensamentos. Estamos sempre irradiando e buscando assuntos de nosso interesse. A comunicação para nós é o canal que leva energia ao espírito e ao corpo físico.
No encontro comunicativo com os outros nós compreendemos gradativamente mais a realidade, identificando as diferenças de perceber o mundo, de pensar e sentir. Afetamos os outros e somos afetados, mudamos para melhor, ajudamos a transformar o meio que vivemos.
A referência sobre o que comunicamos está em nosso interior, resultado de tantas experiências anteriores e na realidade que percebemos do mundo. Todavia, até que ponto é real o que costumamos chamar realidade? Existirá só uma realidade? A realidade apresenta um grande número de facetas, muitas que não conseguimos nem perceber e, outras que identificamos precariamente. Assim, a realidade é mais bem percebida pela somatória das percepções das pessoas.
A compreensão dessa dependência salutar torna claro que todos nós precisamos nos comunicar cada vez melhor e, para isso, precisamos gostar de pessoas e procurar lidar bem com elas, pois é o único caminho para o nosso desenvolvimento e o da sociedade.
“É impossível não se comunicar: atividade ou inatividade, palavras ou silêncio, tudo possui um valor de mensagem. Todo o comportamento é uma forma de comunicação.” Paul Watzlawick (1921 —2007) teórico da Teoria da Comunicação.
 Toda comunicação encerra três componentes que atuam tanto no emissor como no receptor. A intenção real, o conteúdo informacional e o sentimento com significados mentais e emocionais que revelam como as pessoas se sentem a respeito do assunto e sobre os outros envolvidos. Dessa forma, a comunicação pode produzir coisas boas, mas também problemas e conflitos, dependendo do modo como lidamos com ela.
Evitamos nos comunicar quando antevemos um conflito. Pensamos em um conflito como um problema, algo que deve sempre que possível ser evitado. O conflito surge quando não temos a mesma compreensão, a mesma dimensão ou a mesma emoção que o outro, e é exatamente aí que encerra uma oportunidade de aprendizado e crescimento. Por isso os conflitos fazem parte da convivência humana.
Quando a concepção e a importância que damos as pessoas, coisas e situações é imprópria, sub ou super dimensionada, ou quando somos tomados por sentimentos de indiferença, medo, desconfiança ou raiva, surgem os conflitos e problemas. As coisas do mundo não são problemas, nem dificuldades, mas carregam o significado, a importância e os sentimentos que elegemos para elas.
Comunicamos também por sinais subordinados a nossa vontade e outros que não estão sujeitos ao nosso controle e costumam ser percebidos e interpretados no plano inconsciente, como a dilatação da pupila, a alteração térmica e a transpiração. Esses sinais correspondem à comunicação não verbal.
“Aquilo que você é, fala tão alto que não consigo ouvir o que você me diz”. Ralph Waldo Emerson (1803 - 1882), filósofo.
A comunicação não verbal pode substituir a oral, como um meneio positivo de cabeça que expressa nossa concordância ou até com o nosso silêncio. Pode também complementar a comunicação verbal quando dizemos “bom dia!” sorrindo e com os olhos brilhando. E, pode ainda contradizer a comunicação verbal quando dizemos “muito prazer” e mal tocamos no outro como se tivéssemos asco.
 “Existe no silêncio uma tão profunda sabedoria que às vezes ele se transforma na mais perfeita das respostas”. Fernando António Nogueira Pessoa (1888 – 1935), poeta português.
 As percepções mais comuns não verbais revelam sentimentos que experimentamos em nossas relações, com maior ou menor intensidade:

  • Falsidade – Sinceridade
  • Confiança – Desconfiança
  • Segurança – Insegurança
  • Alegria - Tristeza
  • Ansiedade - Tranquilidade
Muitas vezes comunicamos não revelando claramente nossas intenções e sentimentos. Isso contribui para valorizar mais os sinais não verbais, do que a comunicação verbal. Na dúvida entre o significado captado da comunicação verbal e não verbal, as pessoas preferem confiar mais na mensagem silenciosa, em cuja expressão parece expressar maior autenticidade. Quando nossa comunicação é sincera e harmônica com os sinais não verbais, nosso poder de persuadir e transmitir boas emoções são significativamente ampliados.
As frases discriminatórias a seguir são exemplos de comunicação agressiva, caracterizadas por uma entonação e sinais não verbais próprios.

  • Você é mesmo difícil... Não consegue aprender as coisas mais simples! Até uma criança faz isso... e só você não consegue!
  • É melhor você desistir! É muito difícil e isso é pra quem tem garra! Não é para gente como você!
  • Lugar de doente é no hospital... Aqui é pra trabalhar.
  • Para que você foi a médico? Qualquer probleminha vira uma doença para você? Acha que pode faltar com uma desculpa dessa?
  • Como você pode ter um currículo tão extenso e não consegue fazer uma coisa tão simples?
  • Vou ter de arranjar alguém que tenha uma memória normal, pra trabalhar comigo, porque você... Esquece tudo!
  • Ela faz confusão com tudo... Está sempre com a cabeça na Lua!

A agressividade ou violência na comunicação é quando uma pessoa impõe um poder sobre a outra. É diferente do conflito, quando há uma interação equilibrada de poderes. As causas de agressividade sempre passam pelas imperfeições psicológicas e morais, gerando sentimentos fortes difíceis de lidar.
A comunicação tem sempre uma finalidade social e deveria ser exercida para promover a felicidade e o bem geral da sociedade, auxiliando os indivíduos a se relacionarem melhor e a progredirem. Seu exercício deve estar fundamentado na ética da solidariedade, do respeito pelos outros e pela liberdade de expressão com responsabilidade.
Uma comunicação assertiva significa emitir uma mensagem seguindo um objetivo, com coerência entre sentimentos, pensamentos e atitudes. A assertividade se opõe a passividade, quando a pessoa está insegura e tem receio de se colocar. Opõe-se também a agressividade, quando a pessoa se expressa com uma carga emocional muito forte, igualmente não levando ao atingimento de bons resultados. O que se obtém com a assertividade é, principalmente, o controle das emoções negativas, sem impedir sua expressão.
Ser solidário ou humanizar é ter vontade de contribuir com o outro de forma ética (o sentimento e o conhecimento),  reconhecendo os interesses e limites de cada um. A solidariedade ou a humanização é considerada como em oposição à violência física ou psicológica, como o assédio moral, que é a exposição a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas, ou a humilhação, que é um sentimento negativo de ser ofendido, menosprezado, inferiorizado, constrangido ou ultrajado.
Saber ouvir faz parte da comunicação solidária e assertiva. O comunicador deve ouvir com respeito e interesse, prestando atenção não só as palavras, mas no olhar, na entonação, no ritmo e nos sinais não verbais de forma a complementar a leitura e entendimento da comunicação.
Saber discordar com educação, defender com respeito, mas também com firmeza quando necessário, também faz parte de uma comunicação assertiva e solidária. Há muitas colocações baseadas em sofismas no Movimento Espírita que querem levar os espíritas para uma posição de tudo permitir em nome do amor.
São muitas as vantagens de se manter uma comunicação solidária e assertiva. O ambiente fica melhor propiciando maior produtividade e qualidade com criatividade e inovação. As pessoas criam laços de afeto e amizade ganhando sinergia para enfrentar e vencer as dificuldades.
A solidariedade sozinha contribui para relações amistosas, mas carece de objetividade, direção e segurança que são os atributos da assertividade. A falta de assertividade causa conflitos, mal entendidos e baixa eficácia. Considere, por exemplo: Quantas vezes você deixou de dar sua opinião. Quantas vezes você disse “sim” quando queria dizer “não”. Quantas vezes você fez algo mesmo não concordando que deveria ser feito? Quantas vezes você deixou de pedir ajuda a alguém? Fazer uma crítica?
Você pode ser eficaz na sua comunicação sem precisar ser agressivo, basta ser solidário e assertivo. Uma comunicação solidária é aquela que dignifica o homem e produz resultados mais duradouros. Podemos produzir uma comunicação solidária, mantendo honestas e boas nossas intenções, o que certamente implicará em emoções positivas e palavras construtivas. Para isso, devemos buscar compreender e amar ao próximo, uma vez que esses sentimentos produzem uma comunicação não verbal solidária e ajudam a produzir uma comunicação verbal igualmente humanitária.
Qual o nível de troca que conseguimos ou queremos fazer? Comunicar com qualidade exige decidir o que queremos trocar, colocar em comum e o nosso empenho de fazê-lo. Vamos trocar o que temos de melhor e o benefício será geral.

Texto do livro Comunicação & Discernimento. Ivan Franzolim. Editora EME. 2012.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Relacionamento interpessoal



O espírita deve estar sempre melhorando sua capacidade de se relacionar com o próximo

O relacionamen­to interpessoal é uma habilidade im­portante para o homem, por que está diretamente vinculado ao objeti­vo das encarna­ções. A finalidade destas, sob o enfo­que espírita, é fa­cilitar aos espíritos a necessária transformação re­clamada pela lei de evolução.
Interessante ob­servar que o pro­cesso de mudança, além de eterno e compulsório - é também inces­sante. O ser huma­no está sempre re­cebendo estímulos, informações, co­nhecimentos e as­similando as mais diferentes expres­sões de sentimen­tos, atuando ainda em favor da mu­dança do meio-ambiente e das pessoas com que se relaciona, consti­tuindo uma rede complexa de comunicação.
Uma vez que tudo muda num ritmo acelerado, aumenta a neces­sidade do homem acompanhar essa mudança para manter o nível de integração com a sociedade e melho­rar sua capacidade de ser útil.
A forma de ter acesso as mudan­ças que estão acontecendo, inva­de necessariamen­te o campo da co­municação e, den­tro dele, o segmen­to relativo a comu­nicação entre pes­soas, também co­nhecido por: relaci­onamento interpes­soal.
Em todos os ambientes e situa­ções, o homem precisa se relacio­nar com os seme­lhantes, sob pena de reduzir sua ve­locidade de evolu­ção, ou mesmo estacionar. É im­prescindível então, desenvolver e me­lhorar a habilidade de manter o melhor relacionamento possível com as pessoas de sua convivência.
 Raramente al­guém fica isento de críticas quan­do faz alguma coisa
Para os dirigen­tes e colaboradores das Sociedades Espíritas é preciso reforçar que o ob­jetivo do relacio­namento interpes­soal nas instituições espíritas é obter resultados que melhorem a cada vez, ampliando os benefícios para todo o contingente de pessoas envol­vidas nas ativida­des executadas.
Isso pressupõe o estabelecimento de metas concretas, bem definidas e di­vulgadas, de modo que todos possam partir para a mesma direção, economizando tempo, recursos e esforços.
Fazer com que o grupo possa ter a mesma visão do que se pretende atingir, é uma téc­nica que os norte-americanos cha­mam de "visualização". Com ela, muitas organizações do Terceiro Setor estão melhorando seus resul­tados.
Independentemente do cargo ocupado na instituição, todos devem desenvolver a empatia e o inte­resse pelo trabalho do próximo, nunca esquecendo de elogiar e motivar quando surgirem as oportunidades.
Raramente al­guém fica isento de críticas quando faz alguma coisa. Por isso, é preciso sa­ber enfrentá-las, esperando-as, aceitando a parte que couber (sempre cabe al­guma) e traba­lhando os seus autores de modo a envolvê-los com as premissas, prioridades e ne­cessidades, trans­formando-os em colaboradores. Esteja mais dispos­to a aprimorar as ideias, conseguindo maior participação, do que a defendê-las.
O ideal é evitar o processo de deci­são por votação (mais rápido), pre­ferindo a forma "por consenso", que envolve e desperta compromisso de todas as pessoas pelo objeto da decisão.
Ser menos guru ou herói e mais orientador
Procurar apro­veitar todas as oportunidades para conhecer mais os colegas de ativi­dade, saber de su­as ideias, de suas dificuldades. Con­versar sobre coisas aparentemente sem importância, como gostos, pas­seios, televisão e família, criam laços de aproximação que favorecem o relacionamento e aumentam o com­prometimento com a equipe e a causa.
Redobrar os cuidados quando a função exercida exige muita res­ponsabilidade ou apresenta condi­ções favoráveis para influenciar pessoas. Buscar ser menos guru ou herói e mais orien­tador.
Acreditar no progresso, não fi­car prisioneiro de hábitos e compor­tamentos antigos que acabam cer­ceando a iniciativa e a criatividade. Adotar uma pos­tura pró-ativa, bus­cando sempre o trabalho em grupo, e lembrando que o idealismo costu­ma encurtar bastante o caminho ao sucesso.
É preciso ter bo­as ideias, mas so­bretudo, é preciso saber planejá-las e implantá-las. O método tradicional de tentativa e erro, deve ser descartado, embo­ra seja melhor do que nada fazer. As coisas boas devem ser resultado de muito raciocínio, discussão e traba­lho, caso contrário, o mérito será do acaso, pois, uma vez esgotadas to­das as possibilida­des de errar, sem­pre haverá uma chance de acerto, mesmo sem que­rer.
O relacionamen­to interpessoal também faz parte do trabalho contí­nuo de auto-apri­moramento co­nhecido como "reforma-íntima". Trata-se, na ver­dade de um es­forço diário para ser sincero sem ofender, ser ami­gável sem ser ínti­mo,  ser objetivo sem agressividade, ser humilde sem ser submisso, ser interessado sem exagerar e ser cauteloso sem ser omisso, entre tan­tos outros itens. Vamos à luta, satis­feitos por consta­tarmos o quanto já foi conquistado e esperançoso ante as perspectivas de muito mais conquis­tar.
 

A Responsabilidade da Comunicação



   No sentido moral, a responsabilidade é o compromisso que todo espírito tem, seja por imposição das leis naturais ou voluntariamente, de reparar o mal que tenha tido sua participação.
   Em sua expressão mais simples, a comunicação envolve pelo menos duas pessoas que se alternam como emissores e receptores de mensagens. Alguns veículos de comunicação, todavia, permitem que um grande número de receptores tenham acesso a mesma mensagem. O meio mais utilizado para divulgar o espiritismo, não é a exposição oral nos Centros Espíritas, o jornal ou o rádio, nem as homepages, e sim, a simples e subestimada conversa fraterna presencial ou à distância.
   Na cultura ocidental estamos acostumados a pensar que o maior objetivo da comunicação é convencer e, para isso, deve se valer de todos os recursos disponíveis.
   Na difusão da mensagem espírita, contudo, o comunicador deve ter certa parcimônia no propósito de persuadir. Isso em decorrência da própria natureza da comunicação, embasada na necessidade de aprendizado mútuo, no amor, no respeito ao próximo evitando qualquer tipo de violência.
   A história está repleta de experiências do homem na tentativa de convencer com excessivo ardor que não foram muito felizes ou mesmo eficazes. Quase sempre enveredamos por caminhos inadequados e perigosos, de forma consciente ou inconsciente, utilizado falácias como argumentos, sofismando, trocando fatos pela inferência deles, confundindo opinião com conhecimento ou mesmo falseando, acreditando que os meios justificam os fins.
   Sob a ótica espírita, o processo de comunicação possui um fator que aumenta consideravelmente a responsabilidade do comunicador. É o fator tempo. Essa variável multiplica quase que indefinidamente, a influência boa ou má da mensagem transmitida, agravando ou beneficiando a conta cármica (lei de causa e efeito) do comunicador.
   Vejamos o exemplo de um livro. Uma vez escrito pode ser republicado ao longo de anos e séculos. Se sua mensagem é negativa, agindo incessantemente em seus leitores, no propósito de destruir e fazer sofrer, como ficará o espírito autor vendo sua responsabilidade expandindo a cada dia, mesmo tendo se arrependido desse ato?
   Tudo leva a crer que, para muitos desses espíritos é dada a oportunidade de "lutarem" contra suas próprias criações do passado, com a edificação de boas obras que venham a anular ou atenuar o efeito das primeiras.
   Da mesma maneira, embora com menos amplitude, podemos perceber a responsabilidade de todos espíritas, particularmente dos comunicadores por sua capacidade mais acentuada de formar opinião. Dialogar sobre o conhecimento espírita, fortalecer bons pensamentos e ideais, fazer refletir, motivar o estudo e a transformação moral são os objetivos a serem atendidos.
   Podemos comparar a tarefa do comunicador espírita, com a do lavrador que, embora generoso, lançava suas sementes em qualquer solo, confiando apenas na Providência Divina. Assim, muitas se perdiam e poucas frutificavam. Ao comunicador espírita se espera que utilize todo seu conhecimento para ajustar sua comunicação aos diferentes tipos de público. Deve usar de todo o seu potencial, para distribuir a mensagem espírita com convicção, entusiasmo e confiança, certo de que, feita a sua parte, ela encontrará em cada interlocutor, um terreno propício senão para frutificar de imediato, pelo menos para ficar armazenada aguardando condições mais favoráveis para germinar.
   Assim, para uma comunicação conseguir transformar alguém, se conectando com outros conhecimentos, sentimentos e experiências, certamente foi necessária, a ação de diversas vivências e mensagens anteriores que prepararam adequadamente o solo mental e emocional daquele que se transformou. Como a evolução é eterna, uma mensagem será sempre a base de outra que virá, mais perfeita e adequada. Façamos a nossa parte com bom senso, fé e alegria de possuirmos uma mensagem tão importante para transmitir.