Como
expor?
Alguém
disse que "bom orador é aquele que, anuncia sobre o que vai falar, fala
sobre o que prometeu falar, em seguida recapitula
o que foi falado e depois conclui sobre o que foi dito." Parece estranho,
mas funciona!
Planeje e
use as técnicas aqui descritas, mas não se esqueça de dar chance para o
desenvolvimento da sua sensibilidade, que fará você sentir a receptividade do
que você está expondo e as necessidades estratégicas, táticas e operacionais
necessárias.
A divisão do
discurso
Características
gerais da exposição
Qualquer
apresentação pública deve estar fundamentada nos seguintes quesitos:
- relacionados com o expositor: confiança,
domínio, interesse e espontaneidade.
- relacionados com o
discurso: objetividade, clareza, brevidade, consistência e retidão.
O início do
discurso
Exórdio
É a
primeira parte da palestra, visa "envolver o auditório". É quando o
expositor e o público são apresentados, sendo que o primeiro precisa causar boa
impressão, objetivando conquistar a atenção e a receptividade do auditório.
Cumprimenta
a platéia, a mesa, demonstra satisfação e agradece.
Procura demonstrar, em poucas palavras, a importância ou a conveniência do tema
da palestra, motivando os ouvintes a acompanharem com atenção o seu discurso.
Deve ficar patente a
segurança e o domínio do assunto, sem arrogância.
Evite
contar piadas e interpelar diretamente as pessoas, pois o clima ainda não foi
formado e as pessoas estão "frias".
Formas de
iniciar a palestra:
1. Aludir à ocasião;
2. Fazer uma
pergunta intrigante ao público em geral,
sem pedir resposta;
3. Fazer uma
declaração interessante e algo desafiadora, como:
"Todas as palavras têm um
poder sobrenatural e tornam vivas as
coisas pensadas." Eça de Queiroz
4. Apresentar uma
citação que leve à reflexão;
5. Fazer breve
apresentação de um conto, parábola ou caso.
Proposição
O orador
deve anunciar o roteiro do que será apresentado, procurando despertar o
interesse dos ouvintes.
Cuidado
para anunciar apenas o que realmente vai dar tempo de ser abordado. Pode ser
dispensada quando o assunto for muito favorável, polêmico ou que exista uma
intenção deliberada e bem planejada de causar suspense.
O meio do discurso
Narração
É a parte
do discurso que o orador desenvolve suas idéias, dá corpo ao tema, envolvendo e
direcionando o raciocínio do publico.
Define
conceitos. Deve ilustrar o assunto utilizando-se de depoimentos, aspectos
históricos, fatos e conceitos filosóficos ou científicos, contos, parábolas
etc.
Confirmação
É o
momento de "amarrar" as idéias apresentadas. Explicar motivos, apresentar razões,
relacionar causa e efeito, evidenciar a lógica dos argumentos, fazer
comparações, e mostrar soluções.
Deve
utilizar todos os recursos didáticos para se fazer entender e convencer,
apresentando elementos racionais, morais e sentimentais.
É a fase
ideal para apresentar sua melhor ilustração, como gráfico, tabela, desenho etc.
Salvo palestras especiais, é nesta etapa que o expositor deve chegar ao âmago
da questão.
Preocupações
salutares do orador:
-
exemplificar e manter a máxima clareza;
- não
esquecer ou desviar da idéia central;
- não exagerar na
argumentação, gestos, vocabulário e entonação;
- demonstrar a
ligação dos assuntos, fatos e conceitos proferidos;
Refutação
Parte
importante do discurso que influencia todo o conjunto, desde a fase de
elaboração, colaborando para dar mais consistência, selecionando e oferecendo
melhor seqüência na argumentação.
Não pode ser
menosprezada, sob pena da exposição vir a ser rejeitada mentalmente pelo
público.
Defende a
idéia central das objeções hipotéticas ou reais sobre o assunto; abordando-as
de modo direto ou indireto, sem exagero.Não pode ser menosprezada, sob pena da
exposição vir a ser rejeitada mentalmente pelo público.
Estabelece críticas. Aponta relação causa e efeito. Evidencia a
argumentação apresentada e as conseqüências boas e más. Inicia pelas objeções
mais simples, deixando o argumento mais forte para o final.
O fim do discurso
Síntese ou
recapitulação
É o resumo
e o realce dos principais aspectos abordados, evidenciando a importância da
idéia central. Pode ser suprimida quando o assunto não apresenta dificuldades e
a exortação foi bem preparada.
Deve
reunir elementos para concluir com segurança, favorecendo a memorização da mensagem principal e fortalecendo a
convicção do público.
Exortação
É a parte
final do discurso quando o orador deve atingir o ponto mais alto de adesão ao
seu pensamento. Uma forma é avançar gradativamente para o ponto mais
importante, com o acompanhamento do volume e entonação da voz e encerrar repentinamente.
Deve falar
ao sentimento, ao coração, levantando o espírito dos ouvintes e fechando com
eficácia o seu trabalho, certo de ter causado uma boa impressão e de ter
contribuído para doar uma parte de si ao público.
É a parte da
oratória mais necessitada de arte e beleza.
A mensagem
espírita deve sempre encerrar com otimismo e esperança. Você pode abordar
qualquer assunto, por mais "pesado" que ele possa ser, mas não pode
esquecer de apresentar soluções e motivar as pessoas para tomarem as atitudes
mais adequadas.
Exemplos de finais
de discursos eloqüentes
João Neves da Fontoura
...No meio do temporal, não nos esqueçamos - ainda uma vez - de que
somos todos irmãos.
São palavras que repito hoje com os anseios do mais alto espírito
de fraternidade, considerando o Brasil acima de tudo e de todos. Nós
passaremos, na poeira das coisas transitórias. Ficarão apenas as idéias, para
que em torno delas se molde a grandeza da Pátria de amanhã.
Tancredo Neves- ao ser eleito
Presidente em 15/01/85
...Não vamos nos dispersar. Continuemos reunidos, como nas praças
públicas, com a mesma emoção, a mesma dignidade e a mesma decisão.
Se todos quisermos, dizia-nos, há quase duzentos anos, Tiradentes, aquele
herói enlouquecido de esperança, podemos fazer deste país uma grande nação.
Vamos fazê-la.
Esquema para o meio
do discurso
Utilize
estes quatro tópicos para ajudá-lo na elaboração do meio da sua palestra.
Depois, é só acrescentar o início e o fim. Com este esquema ficará mais fácil
você abordar qualquer assunto de forma estruturada, mesmo de
"improviso".
Origem/Evolução
Aborde o histórico do assunto e
evidencie as causas mais relevantes. Aponte as alterações sofridas em determinado
tempo.
Explicação/Analogia
Defina os termos básicos, explique
o assunto e os conceitos adotados, esclarecendo as principais variáveis envolvidas.
Compare a idéia central com outro assunto, evidenciando a lógica da argumentação
e facilitando a memorização pelos ouvintes.
Conseqüências/Objetivos
Fale sobre as conseqüências
positivas e negativas envolvidas no contexto. Aponte claramente os objetivos
que devem ser perseguidos.
Esforço/Ação recomendada
Saliente o que precisa ser feito
para se alcançar uma situação melhor ou evitar maiores danos, quem são os envolvidos
e como pode ser realizado, em que tempo ou lugar.
Texto
do Livro: Como Melhorar sua Comunicação, de Ivan Franzolim, Editora EME